A recuperação em “V” do Bitcoin após atingir mínimas locais de US$ 100.000 na última semana aponta para retomada da tendência de alta no curto prazo, afirma Diego Pohl, analista da Crypto Investidor.

Em uma semana marcada por forte volatilidade, a vela semanal do Bitcoin (BTC) fechou comprimida no domingo, 8 de junho, praticamente no mesmo valor da abertura.

Após o esfriamento da batalha pública entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu ex-aliado, Elon Musk, o mercado de criptomoedas abriu em alta nesta segunda-feira, 9 de junho, com o Bitcoin negociado acima dos US$ 108.000, de acordo com dados da CoinGecko.

Embora os US$ 100.000 se mantenham como um nível crítico para a continuação da tendência de alta no curto prazo, uma análise da Santiment publicada na sexta-feira aponta que o conflito público entre Trump e Musk pode ter marcado o fundo local do preço do Bitcoin.

Segundo o boletim semanal de mercado da QR Asset Management, a recuperação imediata do Bitcoin e do mercado de criptomoedas como um todo reflete o amadurecimento do setor:

“Ainda veremos desdobramentos dessa disputa e novas movimentações políticas ao longo dos anos, mas o que importa é que a tecnologia por trás do setor — e sua aplicação prática — já estão muito além da dependência de lideranças específicas.”

No cenário macroeconômico, a semana será marcada pela divulgação dos índices de preço ao consumidor e produtor nos EUA, com uma medida mais clara do impacto das políticas tarifárias de Trump sobre a inflação.

Dados do Departamento do Comércio dos EUA revelam que o déficit comercial do país atingiu níveis recordes de queda em abril, com importações recuando 16% em relação ao mês anterior e exportações crescendo 3%.

Com isso, o déficit comercial em abril caiu mais de 55% em relação a março, de US$ 138,3 bilhões para US$ 61,6 bilhões. Até agora, não houve reflexo nos preços, mas isso tende a mudar em breve.

“Um relatório recente mostrou que diversas empresas americanas estão se preparando para aumentar seus preços nos próximos meses, citando as tarifas de importação como justificativa”, diz o boletim da QR Asset Management.

Um eventual repique inflacionário tende a influenciar a postura do Banco Central dos EUA (Fed), cujo comitê de política monetária se reúne na semana que vem. Embora o mercado dê como certa a manutenção das taxas de juros nos patamares atuais, com 99.9% de probabilidade, os 0,1% restantes apostam na alta dos juros – e não em uma possível redução.

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Taxa de juros alvo do Fed. Fonte: FedWatch Tool

Ainda assim, o mercado mantém expectativas de que uma eventual redução possa ocorrer, afirma a QR Asset Management:

“Os cortes nas taxas, embora ainda no radar, virão de maneira mais tardia e menos agressiva do que parte do mercado chegou a precificar meses atrás. E se a taxa não cair tão cedo, os custos seguem pressionados — o que já começa a afetar a precificação dos produtos ao consumidor.”

Análise do preço do Bitcoin

O desempenho da ação de preço do Bitcoin após o teste de suporte dos US$ 100.000 devolve a confiança aos touros, afirma Diego Pohl em análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil.

Além de sustentar um importante nível psicológico, o Bitcoin não violou a Média Móvel de 50 períodos (verde) no gráfico diário nem a Média Móvel Exponencial de 9 períodos no gráfico semanal. Pohl destaca que estas linhas “tendem a servir como suporte e indicadores de tendência dentro de um ciclo do mercado.”

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Gráfico diário e semanal anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor

A recuperação em 'V' observada nos gráficos de períodos mais curtos normalmente configura um “movimento característico de marcação de fundo", acrescenta o analista:

“Esse comportamento potencializa a continuidade do movimento principal de alta, estabelecendo como próximos alvos a região de US$ 120.000 a US$ 150.000.”

Por outro lado, “a quebra do atual suporte nos US$ 100.000 poderá desencadear uma correção mais forte, tendo como próximos níveis de suporte a região entre US$ 95.000 e US$ 90.000", pondera Pohl.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, analistas apostam em um reteste na região dos US$ 100.000 antes que o Bitcoin atinja novos recordes históricos em torno de US$ 140.000.